Como essa história começou
Em 1996, o Jardim Ângela, bairro da Zona Sul da capital paulista, foi apontado em um estudo da ONU como o bairro mais violento do mundo. No ano seguinte, a paróquia Santos Mártires e o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo começaram a mobilizar a população local - a maior parte formada por famílias de migrantes das zonas rurais do Norte e Nordeste - para uma caminhada em defesa da vida, no dia de Finados.
Mães e familiares que perderam seus filhos de forma violenta marcharam pelo bairro. No decorrer do ano, criaram o Fórum em Defesa da Vida, onde discutiam políticas públicas em defesa da vida. Nesse processo de luta, o Jardim Ângela conseguiu levar para o bairro um hospital e um Centro de Atenção Psicossocial, além de melhorar políticas de educação, saúde, assistência social e policiamento comunitário.
A caminhada pela vida e as lutas do bairro se tornaram um marco histórico entre os movimentos da sociedade civil em São Paulo. A cidade de São Paulo e o Jardim Ângela diminuíram as taxas de violência em mais de 70%.
No dia 2 de novembro, junto com a Santos Mártires e o Fórum em Defesa da Vida, diversos grupos da sociedade civil vão unir as lutas que ocorrem em outras periferias e promover atos em todo o Brasil.
Essa mobilização amplia a pressão por políticas que promovem a vida e buscam barrar a iniciativa das autoridades que enxergam a morte como solução, fazem apologia ao extermínio, defendem projetos que flexibilizam o porte de armas e a impunidade à violência policial.